É hoje! Hoje que chegaremos ao tão esperado fim do mundo! Ushuaia, estamos chegando para lhe usar. Saímos cedinho de Rio Gallegos para conseguir aproveitar um pouco do dia em Ushuaia. Tomamos nosso café com medialunas no hotel, depois de uma noite muito bem dormida.
Antes de pegar a estrada, abastecemos o carro no último posto dentro da cidade, com a gasolina a R$ 3,24. Ganhamos até um café e uma medialuna por ter abastecido ali. Saindo da cidade fomos parados pela polícia – que na Argentina está nas ruas mesmo com chuva – que pediu nossos documentos, documento do carro e fez aquele charme, olhando horas pra eles, com cara de “poutz, não tenho com o que implicar”. Estávamos com muito medo das tais propinas que tanto lemos pelos blogs de viagem, chegamos até a separar o dinheiro em vários lugares, para não morrer com uma propina gordinha de uma só vez. Mas tivemos a sorte de não ter passado por nada disso. Todas as vezes que fomos parados pela polícia apresentamos os documentos e nos deixaram seguir.
Para chegar até o Ushuaia por terra, você obrigatoriamente tem que passar pelo Chile. E para passar pelo Chile, você obrigatoriamente tem que passar pela aduana. Com todos os documentos separados em uma pastinha, lá fomos nós – você pode conferir todos os docs necessários clicando aqui. Assim que entramos, na primeira cabine nos pediram os documentos de todos os passageiros, documento do carro e a certidão de nascimento do João, já que ele é menor. Aí fomos para um outro saguão, onde preenchemos uma declaração de produtos de origem animal, plantas, grãos e sementes. Se por acaso você tiver qualquer um desses itens, declare. Se não declarar e na inspeção do veículo encontrarem, você pode ganhar uma bela multa chilena de presente. Nós tínhamos sanduíches com queijo e presunto no carro, declaramos e não tivemos que jogar fora. Deixaram a gente passar com eles tranquilamente, talvez por estarem lacrados.
Na segunda cabine pediram os docs do carro e preencheram uma ficha. Com ela, fomos para a terceira cabine, onde pediram todos os docs novamente e mais a ficha da cabine anterior, onde preencheram mais alguns dados e nos entregaram novamente, pedindo para irmos para a cabine 4. Nessa, pediram a ficha preenchida na cabine 2 e 3, os docs do carro e preencheram algumas infos no sistema. Nos entregaram a tal ficha, que deveria ser entregue na hora da inspeção do carro e mais uma ficha para ser entregue quando sairmos do Chile. Todos os atendentes são sisudos, sem muitos sorrisos e não são muito de explicar mais de uma vez, por mais que você seja estrangeiro e não fale a língua deles. Conseguimos, depois de muito custo, trocar meia dúzia de palavras com o rapaz da cabine 4, que conhecia mais do Brasil do que nós mesmos.
Depois de todas essas etapas – ufa! – fomos para o carro e passamos pela inspeção. Eles abrem TODAS as malas, revistam porta malas, portas, bolsas, tudo mesmo. Como estávamos com tudo certo, fomos liberados. Chile, chegamos! Assim que passamos a aduana percebemos a diferença entre países. O Chile é muito mais limpo e organizado, com o asfalto muito melhor. Ficamos no Chile por aproximadamente 210 km. Aqui começamos a Rota do Fim do Mundo.
Para atravessar o Canal de Magalhães tivemos que pegar uma balsa. Ela custou R$ 100,00 e a travessia levou uns 20 minutinhos. Não pediram para que a gente saísse do carro, mas antes de ir, lemos em alguns blogs que era obrigatório. A balsa tem três pisos. No primeiro e mais baixo, ficam os carros, claro. No segundo podemos apreciar a vista sentadinhos na salinha, em um banco com aquecimento.
Tem até uma lanchonete, com cachorro quente e hamburguesas, cada um por R$ 15,00. No terceiro e mais alto, você tem a vista mais bonita, mas tem que ficar no vento gelado da Patagônia. O pagamento pela travessia deve ser feito no caixa que fica no primeiro piso, do lado direito, em uma portinha de metal bem discreta. Essa portinha é a mesma que dá acesso ao segundo piso. Você pode pagar em pesos chilenos ou argentinos, mas apenas em dinheiro, não aceitam cartão.
Descemos da balsa e seguimos viagem. Um pequeno trecho de estrada de rípio e chegamos na aduana chilena novamente, agora para registrar a saída do país. Aqui tivemos que entregar a ficha que foi preenchida lá na primeira aduana e apresentar novamente toda a documentação.
Passando por Cerro Sombrero, chegamos agora na aduana Argentina, já que aqui acabava nossa primeira passagem pelo Chile. Separamos novamente os documentos e lá fomos nós. Aqui o processo já foi bem mais simples e mais rápido. Eram apenas duas cabines, na primeira entregamos todos os documentos dos passageiros, do carro, de entrada no chile, perguntaram o endereço do hotel que ficaríamos no Ushuaia e recebemos a tal ficha para levar na cabine seguinte, onde apresentamos apenas os documentos do carro e nos entregaram uma ficha que deveria ser entregue lá fora para o policial liberar nossa saída e mais três papéis – um para cada um de nós – que serão entregues na saída da Argentina. Aqui não teve inspeção do veículo, foi tudo mais rápido. Saindo da aduana, pegamos novamente uma estrada de rípio – espécie de estrada de chão com pedrinhas – por mais ou menos uns 13 km.
O restante da estrada foi super tranquilo, até demos uma aceleradinha para chegar mais rápido quando começamos a ver as montanhas com os topos cobertos de neve. A alegria dos três era igual alegria de criança, sabe? Ficamos bobos só de ver os topos branquinhos. Uma paisagem de tirar o fôlego. Paramos em um mirante quase chegando no Ushuaia, para algumas fotos.
E então, depois de uma curva qualquer, alí estava ele, o portal de entrada no fim do mundo. Ushuaia, chegamos! Andamos muito, mas muito mesmo para chegar até aqui. Foram mais de 5.000 km de estrada, passando pelas mais diversas paisagens, com temperaturas completamente diferentes em cada cidade, conhecendo muita gente legal, arranhando nosso portunhol. Era um sonho, mas um sonho completamente possível. Conseguimos. \o/
Cansados, fomos direto pro hotel fazer nosso check-in. Ficaríamos no Via Rondine, mas quando chegamos, descobrimos que fizeram a reserva apenas para um casal e que o hotel já estava lotado. Imagine a nossa cara quando escutamos isso. Aqui, logo aqui, no nosso tão esperado Ushuaia? Antes mesmo da gente pensar em reclamar, a recepcionista já estava ligando para outro hotel para nos acomodar. Durante a conversa com o outro hotel, ela tampa o telefone e nos pergunta: “Algum problema de ficarem em quartos separados?”. Imagiiiina, moça! Reserva logo esses quartos. Nosso filho já tem 16 anos e pode ficar tranquilamente sozinho. Por sinal, ele vai amar. E nós também. Lá fomos nós para o outro hotel, o Hosteria Mi Vida, rezando para ser no mínimo, parecido com o que tínhamos escolhido. Quando entramos, ficamos encantados e agradecemos mentalmente a criatura que reservou apenas para o casal. O hotel era muito bonito e ainda tinha café da manhã, que no anterior não teríamos. Tiramos as bagagens do carro e partimos conhecer o centrinho de Ushuaia.
O vento por aqui é cortante, sem piedade. Eu estava com uma jaqueta, daquelas corta-vento e mesmo assim estava batendo os queixos. Voltamos para o hotel colocar mais roupa e saímos para jantar. Chegamos no Dona Lupita desejando umas empanadas quentinhas e uma cerveja gelada.
Desejo realizado, as empanadas estavam deliciosas e a cerveja Beagle Rubia que escolhemos estava geladinha e fechou a noite com chave de ouro. Super indicamos a Dona Lupita, viu? Agora já podemos voltar para o hotel sonhar com o trekking de amanhã para conhecer a Laguna Esmeralda.
Você vem, né? Até amanhã, boa noite!
Obs: Valores em real, com o câmbio do dia 28/12/2018.
Mais ou menos 10/1.
Olá! Gostaríamos que questionar quantos km de rípio vocês pegaram para chegar em Ushuaia (apenas 13km?)?; também gostaríamos de perguntar, por onde vocês atravessaram a balsa, pois nos informaram que há duas (com preços bem diferentes). Agradecemos. Até logo.
Oi Sandra, depende de por onde você vai.
Se você for pela Ruta 03, que é descendo pelo litoral, tem só um pedaço de uns 10 km de rípio. Já se você descer pela Ruta 40, tem mais um pedaço de cerca de 80 km, além do trecho de 10 km.
Sobre a balsa, só sabemos de um ponto para travessia. O que tem são dois atracadores no mesmo local. O preço é o mesmo, independente do atracadouro. E isso é só na volta. Quando a gente estava voltando, acabamos chegando tarde para pegar a balsa, e foi uma confusão de corre para um atracadouro, volta porque encheu a balsa e a próxima vai atracar no outro. Volta mais uma vez porque passaram a informação incorreta…. kkkkk
Mas não tem erro. Seguindo a estrada, você dará de cara com o mar onde tem que pegar a balsa, é bem tranquilo.
Oi Suelen, tudo bem?
Gostaria de perguntar como foi ir com o carro de vocês até o Ushuaia. Foi tranquilo em relação a estradas? Eu e minha noiva estamos planejando para ir em março, porém verificamos que o preço do aluguel de um carro comum (peugeot 301) é extremamente mais barato do que uma caminhonete (temos aí uma diferença de R$ 2.000).
Obrigado por compartilhar sua viagem conosco!
Olá Renato, tudo bem?
Com essa situação de Covid acredito que não tenha conseguido fazer sua viagem ainda. Mas logo logo volta tudo ao normal! Vamos torcendo!
Sobre a viagem, é super tranquila. Tem alguns trechinhos de rípio de judiam um pouquinho do carro, então um carro com suspensão mais alta leva uma certa vantagem. Mas não é preciso nenhum carro especial não. Nosso carro é um 308, super baixinho, e foi tranquilo!
O que você precisa ficar atento é quanto às regras das locadoras de carro. Muitas delas não permitem a saída do país. Converse com eles antes da locação para não ser pego de surpresa. Mesmo com o carro locado, você precisará de toda a documentação de autorização de saída, carta verde e os acessórios que não são necessários aqui no Brasil, ok?