Começamos o dia cedinho arrumando as malas e deixando tudo pronto para pegar a estrada. Hoje faremos mais de 1.000 km até Rio Gallegos, nossa última parada antes do Ushuaia.
Com tudo pronto, avisamos o dono do b&b em que ficamos – que também é dono proprietário de uma fábrica de alfajor, a Memorable – para que ele pudesse pegar as chaves. Gostamos muito de nos hospedar dessa forma e da troca de experiências que ela gera. Conversamos um pouco com o Seu Luis e pelo pouco que contamos da nossa viagem, ele ficou encantado, nos deu algumas dicas do trajeto e por fim nos chamou de malucos. Ahhh, seu Luis! Malucos mesmo! Essa nossa maluquice que nos move pelos caminhos mais bonitos desse mundão.
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Já na estrada, paramos para abastecer no primeiro posto que encontramos, com a gasolina a R$ 3,22 o litro. Pensa na felicidade de pagar mais barato na gasolina por aqui, do que pagamos lá em Curitiba. Tem sobrado um dinheirinho pra alguns alfajores extras. Desde que que saímos de Buenos Aires estamos com dificuldade de usar cartão de crédito nos postos. A maioria só aceita dinheiro, ou como eles falam, “no efetivo”. Para nós, que gostamos de acumular milhas no cartão de crédito é uma desvantagem.
Em todas as nossas viagens, vamos preparados com todas as formas de pagamento possíveis, para – tentar – não passar perrengue. Trouxemos uma certa quantia em dinheiro de pesos argentinos e pesos chilenos, cartão de crédito internacional e o Travel Money, que é um cartão de crédito pré-pago. Esse último é o mais difícil de ser aceito por aqui. Por mais que a bandeira seja Visa, o bicho pega quando a máquina de cartão é antiga – muito comum na Argentina – e não reconhece o chip do cartão ou quando pedem o documento do titular e percebem que no Travel Money não tem nome impresso no cartão. Sim! Aqui ainda pedem os documentos do titular e a assinatura na via que fica com eles. Sem o nome do titular impresso no cartão, não conseguem conferir de quem é e com isso, não aprovam a compra. Acabamos pagando muita coisa com dinheiro.
O primeiro trecho da estrada foi muito cansativo. Além das famosas retas sem fim, muitos buracos na pista – passamos em um que achamos que a roda tinha voado longe, mas foi só um susto – e animais soltos que ficam transitando na pista. Hoje tivemos a companhia de coelhos, lagartos, ovelhas, passarinhos e passarões – ahhh gente, não vou saber o nome de cada passarinho diferentão que passou por nós – e uma espécie de cervo, sem chifres, que apareceu tanto pelo caminho, que apelidamos carinhosamente de “Vinhado”. Eles são os mais perigosos, pois chegam sem a gente esperar, saltitando em alta velocidade, na frente do carro. Tem que ficar bem atento.
Chegando em Comodoro Rivadavia paramos para abastecer o carro com a gasolina a R$ 3,27 e aproveitamos para almoçar. As milanesas por aqui são muito famosas e você encontra em qualquer cantinho. Essa que comemos no posto estava deliciosa. O João acabou pedindo um sanduíche de milanesa, algo surreal, imenso.
Revezamos o volante duas vezes hoje, mas paramos poucas vezes pela estrada. O segundo abastecimento fizemos em Fitz Roy a R$ 3,20 o litro e o terceiro em Luis Piedra Buena a R$ 3,20 o litro da gasolina. Sempre que paramos nos postos, pedimos para o frentista dar aquela limpadinha esperta nos vidros, assim a gente garante as fotos na estrada. Temos também uma câmera no painel do carro, que vai gravando nosso trajeto e as belezas da estrada.
Pela manhã a temperatura tinha subido um pouco, comparando com a noite anterior, quando pela primeira vez na viagem tivemos que resgatar os casacos do fundo da mala. O dia ficou lindo, com céu azul e temperaturas agradáveis. A noite tudo começou a mudar. A medida que a gente se aproximava de Rio Gallegos, a temperatura ia baixando e a garoa chegando – em Trelew estava 24 graus e chegamos em Rio Gallegos com 12.
Essa época do ano é ótima para conhecer a Patagônia. As chuvas não são constantes e as temperaturas são bem agradáveis – pelo menos pra gente que já está acostumado com o frio de Curitiba, né? – Pela estrada, vários lugares apontados no mapa do gps como lago, lagoa ou rio, estavam secos. Para os bichinhos da região deve ser um problemão, mas devo dizer que tornou a paisagem ainda mais diferente.
Para a gente se entreter durante os longos trajetos como o de hoje, acompanhamos as redes sociais, falamos com a família, pesquisamos algo para fazer nas cidades por onde vamos passar e por aí vai. O nosso chip garantimos quando passamos por Buenos Aires – se você perdeu, clica aqui e confere como foi a saga do chip – com internet para uma semana, recarregável. Nas estradas a internet simplesmente não existe em alguns trechos, o sinal some e demora mesmo para voltar. São longos trechos sem estrutura alguma. Hoje chegamos a pegar mais de 200 km sem nada, e quando eu digo nada, é nada. Nada mesmo.
Já era quase 22h e o sol ainda estava iluminando o céu. Os dias por aqui são mais longos e o pôr do sol acontece bem tarde. Chegamos no hotel quase 23h, com o céu claro na linha do horizonte. Com o cansaço acabamos não dando aquela conferida mais tarde, para ver se já estava tudo escuro ou se o sol continuava ali, mesmo que tímido.
Ficamos no Hotel Austral, excelente para essa parada estratégica para chegar ao Ushuaia. O hotel é super confortável, limpo e com ótimo atendimento. Quando chegamos, morrendo de frio, o quarto já estava aquecido. O café da manhã estava uma delícia, tudo fresquinho. Ficaremos nesse hotel duas vezes durante a viagem, uma na ida ao Ushuaia e outra na volta, quando seguiremos para El Calafate.
Hoje o dia foi bem cansativo, mas estamos com o coração transbordando, ansiosos para chegar ao fim do mundo.
Continua aí, de carona com a gente. Ainda temos muito para conhecer juntos. Boa noite!
Obs: Valores em real, com o câmbio do dia 26/12/2018.
Mais ou menos 10/1.
Leia o Diário de Viagem – DIA 4 – De Sierra de la Ventana a Trelew
Leia o Diário de Viagem – DIA 6 – De Rio Gallegos ao Ushuaia