Um último passeio pelo hotel dos sonhos e deixamos Sierra de la Ventana para uma próxima visita. Gostamos tanto que já colocamos na lista de lugares para voltar quando estivermos mais velhos. Lógico que quando todas as “ites” começarem a aparecer, teremos que vir de avião. O que é perfeitamente possível, chegando por Bahia Blanca, no aeroporto Comandante Espora. Depois podemos alugar um carro e admirar a paisagem da estrada por aproximadamente 840 km até chegar em Sierra de la Ventana.
Deixando esses planos para mais tarde, seguimos para o próximo destino: Trelew. Terra dos dinossauros, famosa pelos fósseis do maior animal já encontrado no planeta. Além, claro, de ser uma das cidades base para visitar os pontos turísticos da Patagônia.
Pegamos a Ruta 3 e seguimos pela estrada que, de novo, era uma reta só. Por aqui as curvas são bem escassas, mas quando aparecem deixam a paisagem ainda mais bonita. Uma curiosidade: diferente da maior parte das estradas no Brasil, aqui a inclinação da pista acompanha a curva e dirigir fica ainda mais gostoso. Nesse trecho começam os famosos ventos da Patagônia. Controlar o volante fica mais cansativo – tem que segurar firme mesmo, fazendo força contra – e a atenção tem que ser redobrada, ainda mais quando os caminhões passam na pista contrária, aumentando a rajada de vento. Mas dá uma emoçãozinha pro trajeto, que chega a ser 98% do tempo um retão sem fim.
Quando saímos de Sierra de la Ventana, estávamos com pouco mais de meio tanque de gasolina. Tocamos uns 100 km até Bahia Blanca, onde abastecemos a R$ 4,41 o litro. Se arrependimento matasse, estávamos mortos, já que mais uns 100 km pra frente começaram os postos com subsídio do governo, onde a gasolina tem mais ou menos 25% de desconto. Descobrimos essa maravilha parando para um lanchinho no posto e a loja de conveniências ainda por cima estava fechada. Quando olhamos o preço na placa, nem acreditamos: R$ 3,10 o litro. “Enche o tanque, seu moço.” Mas fomos movidos pela emoção do momento, não tínhamos rodado quase nada e o tanque ainda estava cheio do último abastecimento.
Seguimos e de repente, sem saber ou esperar, encontramos um tapete branquinho de sal. Um salina todinha ali, pra gente admirar. Paramos o carro e descemos para conferir. O sol estava tão forte que só conseguimos ficar alguns minutos admirando aquela paisagem diferentona. Como é muito branquinho, o sol reflete demais, deixando ainda mais quente. Quem tem olhos claros como eu, tem uma certa dificuldade de mantê-los abertos – na euforia, deixei o óculos de sol no carro.
Ao longo da estrada encontramos áreas de descanso. Como a estrada é muito cansativa e sem estrutura alguma durante muitos e muitos km, uma área assim pode te ajudar a dar uma renovada, fazer um lanchinho com calma e organizar o resto da viagem. Tem até umas lixeiras por ali.
Durante nossas pesquisas para montar o roteiro, vimos algumas fotos de las Grutas, uma praia há uns 300 km de Trelew. Acabamos não colocando no roteiro, nosso trajeto de hoje já estava longo, com quase 10 horas de viagem, mas quando passamos pela placa, a vontade foi maior e acabamos mudando o roteiro. Bora conhecer Las Grutas! Desviamos apenas uns 20 km e chegamos na praia. É uma praia diferentona, com uma faixa de areia escura e bem longa. Penhascos que chegam a 8 metros de altura, esculpidos pelas ondas são a atração do lugar. A erosão marinha nas rochas formou as cavernas que dão nome ao lugar. Não posso dizer que suuuuper valeu a pena, mas foi legal. Estávamos com fome, mas mesmo com a praia cheia, estava tudo fechado, talvez por ser dia de Natal – podia ser o anjo da magreza também.
Voltamos para a R3 e a temperatura por aqui começou a baixar. Estávamos curtindo o calorzinho – mas ansiosos pelo frio do Ushuaia – de bermuda e camiseta, quando de uma hora para outra, tivemos que pegar nossos casacos na mala, arrepiados de frio. Trelew é a última cidade com temperatura acima de 20 graus no nosso roteiro. Daqui para a frente, vamos tirando os casacos, luvas e cachecóis da mala e nos preparando para o frio de 8 graus que está fazendo agora no Ushuaia.
No trajeto de hoje, ficamos muito, mas muito tempo sem nenhum posto. Se você também quer usar Trelew como cidade base, aconselho a aderir o nosso lema “Usou meio tanque, abastece meio tanque.” Hoje chegamos a ficar com ¼ de tanque. Conseguimos abastecer ha mais ou menos 190 km antes de Trelew, com a gasolina a R$ 3,31 o litro. Nesse posto não tinha banheiro – se não tinha nem posto até aqui, pensa como estavam nossas bexigas – tivemos que seguir para o próximo posto, um Axxion, para poder usar o banheiro.
Como os dias por aqui são mais longos, conseguimos fazer todo o trajeto de dia, com a reta final no pôr do sol, as 22h. Quase chegando em Trelew – uns 3 km mais ou menos – na Ruta 3, demos de cara com um dinossauro imenso no meio da paisagem. O Titanossauro é uma réplica em tamanho real, do maior dino encontrado até hoje. Ele fica muito mais bonito com o sol se pondo do que de dia. Fica a dica.
Chegamos em Trelew as 22h40 mais ou menos e fomos direto para o B&B que reservamos. Fomos recepcionados pela Sônia, que nos mostrou o ap e explicou detalhadamente sobre as chaves, a garagem e nos mostrou as amenidades. O apartamento é bem central e uma graça. Tudo muito limpo e organizado. Conseguimos jantar quase em frente ao apartamento, mesmo tarde da noite. Comemos um bife de chorizo com ovos e batatas fritas – para nós não estava gostoso, a carne tem um gosto muito mais forte que no Brasil e o tempero é muito diferente – e empanadas – essas sim estavam deliciosas.
Agora vamos descansar, amanhã temos um dos trajetos mais longos da viagem, totalizando 1092 km até Rio Gallegos.
Adoramos o dia na estrada, com tantas surpresas. E você, está gostando da carona? Conta pra gente o que você mais gostou!
Boa noite, viajantes!
Obs: Valores em real, com o câmbio do dia 25/12/2018.
Mais ou menos 10/1.
Leia o Diário de Viagem – DIA 3 – De Buenos Aires a Sierra de la Ventana
Estou amando acompanhar vocês…obrigada pela carona! ?
Obaa, Denise! Vem, que sempre tem um espaço na janela!
Boa viagem a vocês. Acompanhando sua trip!
Obrigada, Arnaldo! Sentimos muita falta de informações sobre esse trajeto. Esperamos poder contribuir com dicas valiosas para muitos e muitos viajantes. 😉
Top demais!
Muito bom de ler, parece que estou na estrada.
Eu e minha esposa pretendemos fazer a viagem assim que definirmos o roteiro, e está ajudando muito a experiência de vocês. Somos de Curitiba e iremos de Troller até o fim do mundo! 😀